
As taças não foram sequer erguidas para brindar a chegada de 2024 no Réveillon Finish Brasília. É que faltou bebida por volta da meia-noite no evento, que, supostamente, seria open bar em uma casa de festas à beira do Lago Paranoá. A promessa era de um buffet de salgados variados, feitos por chefes renomados, mas o tal banquete oferecido se limitou a mini enroladinhos de salsicha, coxinha de milho, quibe e churros para celebrar a virada do ano.
Nem a tradicional queima de fogos o evento proporcionou aos pagantes da festa. O evento teve seis lotes de venda, iniciando já com R$ 150. Em um dos vídeos da comemoração, os participantes estão na frente ao Lago Paranoá, com os celulares a postos e flashes ligados. Uma pessoa a grita “Feliz Ano-Novo”, mas em seguida pergunta “cadê os fogos?” e encerra a fala com um palavrão, ao perceber que não veria o show pirotécnico pelo qual pagou.
Em outros registros, as pessoas mostram a fila do open bar com os freezers vazios. A expectativa era de que as bebidas estivessem liberadas até às 5h, com duas opções de cerveja, uísque, gim, cachaça de banana, drinques, refrigerantes, sucos, água mineral e água tônica. Veja as imagens:
Revoltados, os pagantes pela festa organizaram um grupo, que já tem quase 300 pessoas, e um abaixo-assinado para exigir o reembolso do ingresso.
“Sou um consumidor que se sentiu enganado pelos organizadores do evento Réveillon Finish em Brasília. O evento, prometido como uma celebração inesquecível, ficou marcado pela falta de estrutura para comportar a quantidade de pessoas atraídas”, destaca um trecho do protesto. A meta é chegar a 500 assinaturas e, em um dia, 312 pessoas assinaram o documento.
Frustração no Réveillon
Uma das pessoas que se sentiu lesada pelo evento foi a assessora técnica Luciana Mara Alves, 48. Em janeiro de 2023, ela descobriu um câncer de mama. “Passei o ano em tratamento, me curei em setembro; depois de cirurgia, fiz quimioterapia e radioterapia”, detalhou. Para ela, aquele momento seria para festejar um novo ciclo.
“Queria ir para uma festa bacana, comemorar a passagem do ano e deixar 2023 para trás em grande estilo. Era um sonho que foi completamente frustrado, mas a divulgação prometia uma grande festa”, explicou.

Promessa era de salgados feitos por chefes renomados Material cedido ao Metrópoles

Participantes reclamam da festa Material cedido ao Metrópoles

Open bar previa diversas bebidas Material cedido ao Metrópoles

Festa de Ano-Novo não teve queima de fogos Material cedido ao Metrópoles
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“Eu só ia tomar água mesmo e até para isto tive que fazer uma grande briga para conseguir um copo; senão nem água eu teria consumido”, completou. Ela conta que descobriu a festa pelo Instagram e que teria sido “iludida” pela propaganda. “Parecia que seria muito boa, à altura do que eu e meu marido procurávamos”, ressaltou Luciana.
“Sinceramente, não aproveitamos porque o estresse para conseguir a água foi logo que chegamos por volta das 23:30 e também para pegar uma bebida, que acabou com qualquer clima bom”.
Assim como Luciana, a estudante Desyrrê Brandão, 19, estava animada para o evento; ela marcou maquiagem e até encomendou uma roupa, organizou de ir com a mãe e o namorado para a noite especial. “Gastamos R$ 900 de ingressos, e pensamos ‘é em área nobre, com certeza vai ser perfeito’, e nos frustramos”, declarou.
Ela mora em Samambaia e contou que o carro por aplicativo custou R$ 140 para voltar para casa. “No total, foram R$ 1090 para não comer um salgado de padaria e beber duas latinhas de cerveja”. contou.
“Na fila do open food, estava rolando briga por comida; eram duas filas totalmente desorganizadas”, disse outra participante que não quis se identificar. Ela foi com um grupo de oito pessoas e estava em um grupo de divulgação do evento. Após o perrengue, um dos promoters teria dito que as bebidas foram apreendidas pela Polícia Federal, sem dar mais explicações sobre o assunto.
“Então as bebidas eram falsificadas?”, questionou. O Metrópoles entrou em contato com o promoter que deu essa informação ao grupo. Ele negou ser produtor do evento, mas não quis informar a relação que tinha com a festa.
Em uma publicação, a casa de festas Opera Hall também negou envolvimento com a festa, informando que serve apenas para o aluguel do espaço.
A reportagem também tentou contato com a empresa responsável pela festa, mas até última atualização deste texto não teve resposta.
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