
Apesar de a proteína ser essencial para várias funções do organismo, o nutriente pode deixar de ser benéfico quando aparece em quantidades muito acima do necessário. Dietas hiperproteicas e o uso de suplementos fazem com que algumas pessoas consumam mais do que precisam sem perceber, o que abre espaço para uma série de alterações no corpo.
Essas mudanças não surgem de imediato. Elas se acumulam com o tempo, até que o organismo começa a ajustar os próprios mecanismos de controle. Nesse cenário de excesso, os hormônios ligados à fome e à saciedade sofrem variações, o metabolismo fica desorganizado e o intestino passa a trabalhar fora do ritmo habitual.
Como o excesso de proteína interfere no corpo
A ingestão excessiva de proteína provoca mudanças que se refletem em vários sistemas do corpo humano. No trato digestivo, o intestino libera substâncias que reduzem o apetite e diminuem a produção de grelina, hormônio ligado à fome.
Além disso, também ocorrem mudanças no metabolismo energético, que alteram a forma como o organismo lida com a glicose e os aminoácidos. Essas alterações sobrecarregam o corpo ao longo do tempo e a sensibilidade à insulina diminui, principalmente quando a proteína vem de alimentos de origem animal.
Isso acontece porque o excesso de aminoácidos que circulam no corpo dificulta a resposta normal do metabolismo, favorecendo oscilações na glicemia e um maior esforço do pâncreas.
A endocrinologista Lorena Lima Amato, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), explica que a forma como o corpo reage depende tanto da quantidade quanto do tipo de proteína consumida.
“Dietas hiperproteicas podem alterar a sensibilidade à insulina e favorecer resistência por mecanismos hormonais e metabólicos que variam conforme o contexto clínico e a origem da proteína. Em pessoas saudáveis que exageram principalmente em carnes, laticínios e peixes, observa-se maior risco de resistência à insulina e de evolução para diabetes tipo 2”, afirma.
Principais sintomas do excesso de proteína no corpo
Os primeiros sinais do excesso costumam aparecer no sistema digestivo, já que a proteína exige mais água para ser metabolizada e depende de um bom aporte de fibras para seguir o fluxo normal no intestino.
Caso essas condições não sejam atendidas, o organismo reage de maneiras diferentes, indicando que passou do limite. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listaram os sinais mais comuns. Dentre eles, destacam-se:
- Sede acima do normal: a quebra das proteínas gera compostos que precisam de muita água para serem eliminados, o que aumenta a sensação de sede ao longo do dia.
- Inchaço, gases e constipação: o intestino tende a ficar mais lento quando a dieta é rica em proteína, mas pobre em fibras. O resultado é acúmulo de gases, estufamento e dificuldade para evacuar.
- Mau hálito: a digestão da proteína produz compostos nitrogenados que alteram o odor da respiração, mesmo com boa higiene bucal.
- Náuseas e sensação de peso abdominal: o excesso pode deixar a digestão mais lenta, gerando desconforto após as refeições e mal-estar em algumas pessoas.
- Queda de energia e irritabilidade: a longo prazo, o corpo passa a trabalhar em sobrecarga, o que interfere na disposição e favorece oscilações de humor.
Isabela Milagres, nutricionista e educadora física do Rio de Janeiro, destaca que além desses efeitos imediatos, parte da proteína que não é absorvida no intestino delgado pode avançar para outras regiões do trato gastrointestinal.
“Quando a proteína chega em quantidades superiores ao que o intestino delgado consegue absorver, ela segue para o cólon e passa a ser fermentada por bactérias que produzem compostos inflamatórios, alterando todo o equilíbrio da microbiota”, explica Isabela Milagres, nutricionista e educadora física do Rio de Janeiro.

Grupos mais vulneráveis ao excesso de proteína
Pessoas com doença renal, hipertensão, diabetes, fígado gorduroso ou histórico familiar de problemas renais têm menor margem de tolerância e podem apresentar sobrecarga mais rápida dos rins e do fígado.
Idosos também merecem atenção, porque tendem a se desidratar com mais facilidade e possuem uma microbiota mais vulnerável a alterações. Entre praticantes de atividade física, o risco costuma surgir pela ideia de que quantidades grandes de proteína aceleram o ganho de massa muscular.
Essa percepção leva muitas pessoas a ultrapassar o limite diário e reduzir outros nutrientes importantes, o que favorece desconfortos digestivos e desequilíbrios na alimentação como um todo.
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